(Ilustração: Alberto de Souza)
Baleia. Balofo. Rolha-de-poço. Por esses e outros adjetivos, uma coisa é certa: ninguém gosta de ser (ou de se sentir) gordo. Mas, gostando ou não, pesquisas recentes feitas aqui e fora do Brasil provam que o mundo nos últimos anos anda com uns quilinhos a mais. E o que é mais alarmante: isso não vale só para os adultos, crianças e adolescentes também estão acima do peso.
O problema de ser gordo parece não se limitar apenas a seu peso e suas medidas. Ao que tudo indica, há uma conspiração contra a felicidade de quem é. Quem é gordo não pode ser feliz. Não estamos ainda tratando de questões de saúde. Esse são outros quinhentos. Estamos tratando aqui de uma questão ampla, que perpassa a apreciação estética e vai até ao preconceito contra quem apresenta sobrepeso.
Esse olhar punitivo contra quem é efetivamente (ou virtualmente) gordo tem efeitos devastadores. No entanto, ao contrario do que se pensa, tais efeitos podem ser neutralizados. Para isso, basta ampliar nosso campo de visão, e irmos dar uma espiadela no passado.
No renascimento cultural do século XVII, as mulheres gordinhas eram retratadas como as mais belas, isto é, eram mais valorizadas esteticamente, pois isso era sinal de riqueza, saúde e satisfação. Um exemplo disso, é sua figura mais representativa, Giocconda, a Mona Lisa, pintada por Leonardo da Vinci.
De volta ao presente, em nossa moderna sociedade ocidental, vemos que não somente as belas artes são as responsáveis por ditar o que é belo ou não. Agora a televisão tem um alcance incomparavelmente maior. É ela que irá, de certa forma, ditar o padrão de beleza. E basta uma rápida olhada nas novelas, sobretudo aquelas voltadas para o público jovem, para perceber que não há lugar para quem é gordo – não além daquele reservado para todos os excluídos: o de chacota. Nesse sentido, a tentativa de evitar esse espaço de ridicularização, tem motivado muitos a buscar incessantemente o padrão de beleza estabelecido e reafirmado pela mídia, o que tem levado ao aumento de doenças do corpo e da alma, como a anorexia, a bulimia, a vigorexia e depressão.
No outro extremo da questão, subtraindo-se da reflexão preconceitos e avaliações puramente estéticas, não podemos perder de vista que a obesidade é mesmo uma doença. E séria. Por obesidade, entende-se o acúmulo excessivo de gordura de tal forma que comprometa a saúde do indivíduo. Essa doença crônica é acompanhada de múltiplas complicações, tais como a diabetes mellitus, hipertensão arterial, alterações nos ossos e músculos e um aumento no índice de mortalidade.
Recentemente, no Brasil, observou-se que, entre as décadas de 70 e 80, houve uma queda no índice de desnutrição infantil de 19,8% para 7,6%, enquanto aumentou o número de adultos obesos de 5,7% para 9,6%. E ainda mais recentemente, ao comparar-se a prevalência de sobrepreso, nas décadas de 70 e 90, nas regiões sudeste e nordeste, constatou-se o aumento de 4,1% para 13,9%.
Assustador isso, não? Mas pode se tornar algo ainda pior quando nos damos conta que nós também engordamos as estatísticas. Estudos inéditos, feitos aqui mesmo em Itaperuna, constataram que 13,5% dos 37 adolescentes analisados, entre meninos e meninas, estão com sobrepeso ou obesos. Levando-se em conta que a causa primária da obesidade é produto do desequilíbrio crônico entre a ingestão alimentar e o gasto energético, pode-se dizer que essa doença é resultado de um elevado consumo de energia e pouca atividade física.
Isso revela que nós, e grande parte do mundo, estamos mais sedentários. Atualmente, apesar de todas as desigualdades que ainda existem, estamos comendo mais e vivendo com mais conforto. Pode-se dizer que ainda não aprendemos a lidar com isso.
Nos Estados Unidos, 54% da população adulta e o número relativamente parecido de adolescente não pratica atividade física regular. No Brasil, esses números são ainda piores, sendo que quase a metade dos escolares não tem aulas regulares de Educação Física e o índice de sedentarismo entre os adolescentes é entre 85% e 94% para meninos e meninas, respectivamente.
A atividade física tem se mostrado como uma das formas de combater a obesidade, além de auxiliar no controle da ansiedade e da depressão, proporcionando a elevação da auto-estima e gerando bem-estar e saúde.
Há um porém: o tratamento da obesidade pode exigir uma equipe multidisciplinar. No que diz respeito ao profissional de Educação Física algumas dicas simples podem ser dadas: usar escada em vez de elevador; descer um ponto antes do destino e completar o percurso a pé; encontrar uma atividade física ao mesmo tempo prazerosa e que tenha um gasto calórico significativo (por isso, sinuca e boliche não valem!); caso não seja possível combinar caminhada ou corrida à musculação, dar preferência as primeiras já que exigem um maior gasto calórico; fazer atividades que envolvam grandes grupos musculares.
Enfim, o objetivo desta reflexão é tentar mostrar que produto e embalagem podem ganhar uma dimensão especial. Aproveitando essa metáfora de consumo, aqui, exterior e interior ganham a mesma relevância, mas, por argumentos diferentes dos apresentados por aí. Acreditamos que uma embalagem danificada pode comprometer seu conteúdo. Da mesma forma que um conteúdo ruim, mesmo em uma boa embalagem, na melhor das hipóteses, resultará em uma decepção.
Por essas e outras, devemos cuidar de nosso corpo por questões de saúde, não somente por estética. Corpore sano, mente san.
O problema de ser gordo parece não se limitar apenas a seu peso e suas medidas. Ao que tudo indica, há uma conspiração contra a felicidade de quem é. Quem é gordo não pode ser feliz. Não estamos ainda tratando de questões de saúde. Esse são outros quinhentos. Estamos tratando aqui de uma questão ampla, que perpassa a apreciação estética e vai até ao preconceito contra quem apresenta sobrepeso.
Esse olhar punitivo contra quem é efetivamente (ou virtualmente) gordo tem efeitos devastadores. No entanto, ao contrario do que se pensa, tais efeitos podem ser neutralizados. Para isso, basta ampliar nosso campo de visão, e irmos dar uma espiadela no passado.
No renascimento cultural do século XVII, as mulheres gordinhas eram retratadas como as mais belas, isto é, eram mais valorizadas esteticamente, pois isso era sinal de riqueza, saúde e satisfação. Um exemplo disso, é sua figura mais representativa, Giocconda, a Mona Lisa, pintada por Leonardo da Vinci.
De volta ao presente, em nossa moderna sociedade ocidental, vemos que não somente as belas artes são as responsáveis por ditar o que é belo ou não. Agora a televisão tem um alcance incomparavelmente maior. É ela que irá, de certa forma, ditar o padrão de beleza. E basta uma rápida olhada nas novelas, sobretudo aquelas voltadas para o público jovem, para perceber que não há lugar para quem é gordo – não além daquele reservado para todos os excluídos: o de chacota. Nesse sentido, a tentativa de evitar esse espaço de ridicularização, tem motivado muitos a buscar incessantemente o padrão de beleza estabelecido e reafirmado pela mídia, o que tem levado ao aumento de doenças do corpo e da alma, como a anorexia, a bulimia, a vigorexia e depressão.
No outro extremo da questão, subtraindo-se da reflexão preconceitos e avaliações puramente estéticas, não podemos perder de vista que a obesidade é mesmo uma doença. E séria. Por obesidade, entende-se o acúmulo excessivo de gordura de tal forma que comprometa a saúde do indivíduo. Essa doença crônica é acompanhada de múltiplas complicações, tais como a diabetes mellitus, hipertensão arterial, alterações nos ossos e músculos e um aumento no índice de mortalidade.
Recentemente, no Brasil, observou-se que, entre as décadas de 70 e 80, houve uma queda no índice de desnutrição infantil de 19,8% para 7,6%, enquanto aumentou o número de adultos obesos de 5,7% para 9,6%. E ainda mais recentemente, ao comparar-se a prevalência de sobrepreso, nas décadas de 70 e 90, nas regiões sudeste e nordeste, constatou-se o aumento de 4,1% para 13,9%.
Assustador isso, não? Mas pode se tornar algo ainda pior quando nos damos conta que nós também engordamos as estatísticas. Estudos inéditos, feitos aqui mesmo em Itaperuna, constataram que 13,5% dos 37 adolescentes analisados, entre meninos e meninas, estão com sobrepeso ou obesos. Levando-se em conta que a causa primária da obesidade é produto do desequilíbrio crônico entre a ingestão alimentar e o gasto energético, pode-se dizer que essa doença é resultado de um elevado consumo de energia e pouca atividade física.
Isso revela que nós, e grande parte do mundo, estamos mais sedentários. Atualmente, apesar de todas as desigualdades que ainda existem, estamos comendo mais e vivendo com mais conforto. Pode-se dizer que ainda não aprendemos a lidar com isso.
Nos Estados Unidos, 54% da população adulta e o número relativamente parecido de adolescente não pratica atividade física regular. No Brasil, esses números são ainda piores, sendo que quase a metade dos escolares não tem aulas regulares de Educação Física e o índice de sedentarismo entre os adolescentes é entre 85% e 94% para meninos e meninas, respectivamente.
A atividade física tem se mostrado como uma das formas de combater a obesidade, além de auxiliar no controle da ansiedade e da depressão, proporcionando a elevação da auto-estima e gerando bem-estar e saúde.
Há um porém: o tratamento da obesidade pode exigir uma equipe multidisciplinar. No que diz respeito ao profissional de Educação Física algumas dicas simples podem ser dadas: usar escada em vez de elevador; descer um ponto antes do destino e completar o percurso a pé; encontrar uma atividade física ao mesmo tempo prazerosa e que tenha um gasto calórico significativo (por isso, sinuca e boliche não valem!); caso não seja possível combinar caminhada ou corrida à musculação, dar preferência as primeiras já que exigem um maior gasto calórico; fazer atividades que envolvam grandes grupos musculares.
Enfim, o objetivo desta reflexão é tentar mostrar que produto e embalagem podem ganhar uma dimensão especial. Aproveitando essa metáfora de consumo, aqui, exterior e interior ganham a mesma relevância, mas, por argumentos diferentes dos apresentados por aí. Acreditamos que uma embalagem danificada pode comprometer seu conteúdo. Da mesma forma que um conteúdo ruim, mesmo em uma boa embalagem, na melhor das hipóteses, resultará em uma decepção.
Por essas e outras, devemos cuidar de nosso corpo por questões de saúde, não somente por estética. Corpore sano, mente san.
"A nossa intenção é ajudar a desenvolver a sociedade e contribuir para a felicidade humana."
Texto: Luciano Antonacci e Bruno José